Ela adora essas bajulações, mas finge que não faz conta disso e daquilo. E eu até acho graça nesses trejeitos, mas me viro nos trambiques para descolar cacife e bancar os seus caprichos; - é que me vexa pensar que não posso lhe oferecer o bastante.
Mas a danada é "ponto-morto de choferes; passadiço de navais". Vive a gabar as pretensões de morar no estrangeiro. E é na cama do seu quartinho de fundos, no cortiço do beco, que poliglota em cima de inglês, francês e alemão, para tirar o seu passaporte.
Dia desses, depois duma dessas gozadas que deixam qualquer diabo apaixonado, eu assuntei com a batuta:
- Ô, Luzia, se você for pros estrangeiro, me leva contigo?
- Oxe, homem! E pra quê?
- Como pra quê, minha nega? Quem vai lhe dar esse dengo todo? Ou você pensa que esses gringo muquirana vão lhe ter essa estima que eu lhe tenho?
Só que a vagabunda, por essa luz que me ilumina, soltou uma risada do Satanás e me sussurrou:
- E estima enche barriga?