Companhias para um capuccino

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Jandira

Jandira ateou fogo em si mesma
Pobre de qualquer riqueza
Rica de toda pobreza

Queimou como dinheiro na mão capital do diabo
Mas comprou parte do inferno a partir de seu trabalho proletário
Diarista, puta e cafetina de si mesma
Fez grande investimento - porque lá é mais quente do que o Nordeste do Brasil, é verão o tempo todo e dá turista, como dá turista!

Jandira faz de um tudo para dar a volta por cima
Ela que nunca ficou por cima
Nem do marido
Nem dos amantes
Porque homem nenhum a incendiou como o litro de alcohol que despejou em seu corpo

Jandira gosta de queimar

Só não queima dinheiro
Que é mais difícil de ajuntar.

4 comentários:

Guilherme Botelho disse...

Monstro. Pesado e intenso!!!!
Mlk Cabuloso!

Anônimo disse...

Contou toda uma história em poucas linhas.

Muito bom Clayton, simples e bom.

Claudio Moreira disse...

Micronarrativa que combina lirismo com uma certa dose de niilismo. O pathos, entre o trágico e o irônico, da "protagonista" não limita suas possibilidades de redenção. Bravo, Don Sanches!

Claudio Moreira disse...

Micronarrativa que combina lirismo com uma certa dose de niilismo. O pathos, entre o trágico e o irônico, da "protagonista" não limita suas possibilidades de redenção. Bravo, Don Sanches!